Andrea Tedesco no solo autoral Catábase, com direção de Marcos Gomes, espetáculo abre discussão sobre o modo como nos relacionamos com a morte, alternando relatos autobiográficos, narrativas oníricas e ficção em diálogo com questionamentos propostos por Paul B. Preciado.
Catábase: Melodia descendente na música grega, descida ao mundo dos mortos, descida ao inferno. Em medicina, pode significar a fase de declínio de uma doença.
No solo Catábase em 5 Sonhos, a atriz Andrea Tedesco, parte do relato de perdas pessoais para explorar as contradições no modo como nos relacionamos com a morte . O espetáculo, que tem direção de Marcos Gomes, cumpre sua temporada de estreia no porão do Centro Cultural São Paulo (CCSP) de 27 de junho a 14 de julho, com apresentações de quinta a sábado, às 21h, e aos domingos, às 20h.
A recusa àquilo que definimos como luto saudável, aquele que conduz ao apaziguamento da dor e ao esquecimento poderia ser um ato político? Poderia ser uma estratégia para nos tornarmos menos indiferentes à morte de outros? Quais outros?
Catábase em 5 Sonhos investiga o tema da morte, misturando biografia com ficção, a partir de duas perguntas urgentes propostas pelo filósofo trans espanhol Paul B. Preciado: “Como viver com os mortos?” e “Como viver com os animais?”.
A abordagem da peça não se detém ao viés existencial ou ao caráter pessoal da história autobiográfica narrada pela atriz, mas é uma tentativa de extrapolar esses âmbitos ao se propor a dialogar com as perguntas de Preciado, no contexto de crise antropocêntrica que vivemos.
O trabalho é resultado da pesquisa que a atriz, performer e pesquisadora Andrea Tedesco desenvolve desde 2019, relacionando os Estudos Críticos Animais ao campo das Artes Cênicas. Pesquisa que, em 2023, se desdobrou em um projeto de mestrado (Relações Interespecíficas na Cena Contemporânea) aprovado pelo Instituto de Artes da UNESP, na área de Poéticas e Estética Cênica. Antes disso, a pesquisa teórica e prática deu origem às performances, “Te Extraño!” (2021), “In Memoriam” (2022), “Sonhos” (2022) e “Histórias Subversivas para Cachorro Dormir” (2023).
O solo Catábase em 5 Sonhos faz parte do projeto de mesmo nome contemplado pela 18ª edição do Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Além da estreia e temporada da peça, a iniciativa propõe dois ensaios abertos ao público seguidos de debates, uma oficina de poesia, uma palestra sobre Zooliteratura e uma oficina de performance.
Sobre Andrea Tedesco
Andrea Tedesco é atriz, performer, produtora e arte-educadora. Atualmente é mestranda do Instituto de Artes da UNESP, na área de Estética e Poéticas da Cênicas, com o projeto, Relações Interespecíficas na Cena Contemporânea no Contexto de Crise Antropocêntrica.
Atuou em mais de 30 peças de grupos de teatro da cena paulistana, entre eles: OPOVOEMPÉ, Folias D’Arte, Velha Companhia, Cia. Provisório Definitivo, Phila7 entre outros.
Em parceria com OPOVOEMPÉ fez: “Na Polônia, Isso é Onde?” (Exposição Tadeuz Máquina Kantor – Sesc Consolação); “Arqueologias do Presente – A Batalha da Maria Antônia” (Circuito TUSP); “O Espelho, Uma Contemplação da Vida e da Finitude” (SESC Belenzinho); e as intervenções “Pausa Para Respirar” e “Possíveis Janelas Para Ver o Tempo Correr” (SESC Belenzinho e outros). Também participou junto ao coletivo OPOVOEMPÉ do documentário “Cena Inquieta”, produzido pelo SESC.
Em parceria com Lucas Mayor e Marcos Gomes fez, entre outras, “Edifício” (2022/23), indicada ao Prêmio Deus Ateu na categoria Melhor Elenco. A peça “Humilhação”, contemplada pelo Prêmio Zé Renato e indicada como uma das melhores peças de 2021 pelo crítico José Cetra.
Ainda vale citar a parceria com a dramaturga e poeta, Carla Kinzo, ao protagonizar sua peça, “A Mulher Que Digita”, vencedora do Prêmio Dramaturgia para Pequenos Formatos do CCSP e dirigida por Isabel Teixeira. Ainda em parceria com Carla Kinzo (desta vez, atuando) e com Marcos Gomes (na dramaturgia), dirigiu a peça “Origem Destino”, indicada na categoria de Melhor Espetáculo de Rua pelo Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro, em 2012.
Atuou na obra radiofônica de Nuno Ramos, “24 horas111”, veiculada pela Móbile Rádio na 30a. Bienal de São Paulo e em quatro longas-metragens do diretor Ugo Giorgetti: “Uma Noite em Sampa” (indicação de Melhor Atriz pelo Cine Sesc), “Cara ou Coroa”, “Paredes Nuas” e “Boleiros 2”, pelo qual foi indicada a melhor atriz coadjuvante pelo Prêmio Qualidade Brasil de Arte e Cultura.
Sobre Marcos Gomes
Doutor em Artes da Cena na UNICAMP, Mestre em Artes Cênicas pela UNESP e Bacharel em Ciências Sociais pela PUC-SP. É também dramaturgo, ator e diretor. É fundador do espaço Garganta em sociedade com o dramaturgo Lucas Mayor, com quem mantém o Grupo II de teatro.
É coautor junto com Carla Kinzo da peça Caro Kafka, encenada pelo Grupo Elevador de Teatro Panorâmico no SESC Bom Retiro em 2022 – trabalho pelo qual recebeu o prêmio APCA de Melhor Livre Adaptação na categoria Teatro Infantil. Escreveu Ela não está, Motel Rashomon, Origem Destino, entre outras peças. Em parceria com Lucas Mayor encenou Edifício (2022), Humilhação (2021), Corpo (2020), Malditos (2020), Ao vivo (2019), Nem isso Nem aquilo (2019), Interiores (2018), Separações (2015) e Ondas Curtas (2015).
Ficha Técnica
Concepção, Dramaturgia e Atuação: Andrea Tedesco
Direção: Marcos Gomes
Assistente de Direção: João Pedro Ribeiro
Cenário, Figurino e Artes Gráficas: Renan Marcondes
Trilha Sonora e operador de som: Pedro Canales
Iluminação: Matheus Brant
Assistente e operadora de luz: Leticia Nanni
Fotografia e Vídeo: Halei Rembrandt
Artistas Colaboradores: Janaína Leite e Lucas Mayor
Mediação: Eduardo Parisi
Produção executiva: Marcelo Leão
Produção: Anayan Moretto
Sinopse
Em cena, a atriz conduz o público por narrativas oníricas e rituais psicomagicos, percorrendo uma trajetória funerária, na qual vai revelando as circunstâncias da morte da sua avó paterna.
Diante da morte do seu tio, irmão do seu pai, 12 anos após a morte de sua avó, a neta se vê na rodoviária de Curitiba tentando retornar a São Paulo com uma mala grande, repleta de fotos, documentos e cartas da família e quatro urnas funerárias – uma da sua avó, outra do seu tio, e mais outras duas de pessoas desconhecidas, das quais nem mesmo os nomes ela sabe.
Ela só pode intuir, pelo peso de cada uma das urnas, o tamanho que essas pessoas tinham enquanto vivas. Ela não possui os documentos necessários para realizar esse transporte, nem tem uma mala adequada para carregar todos esses mortos. No entanto, carrega-os de modo improvisado e inadequado, numa espécie de suspensão do tempo, conferida pelo caráter insólito da situação.
Serviço
Catábase em 5 Sonhos, de Andrea Tedesco
Temporada: 27 de junho a 14 de julho
De quinta a sábado, às 21h, e aos domingos, às 20h
Centro Cultural São Paulo – Espaço Cênico Ademar Guerra (Porão)
Rua Vergueiro, 1000, Liberdade
Classificação: 14 anos
Duração: 85 minutos
Ingressos: Gratuítos
Retirada pelo site da bilheteria ou na bilheteria física do Centro Cultural São Paulo com uma semana de antecedência ao evento – https://rvsservicosccsp.byinti.com/#/ticket/
Bilheteria: Informações de funcionamento da bilheteria em https://centrocultural.sp.gov.br/bilheteria-ccsp/
Telefone: (11) 3397-4277
Acessibilidade: Espaço acessível a cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida, pessoas com deficiência visual e baixa visão. Com o intuito de ampliar cada vez mais o acesso de todos ao CCSP, a estrutura do prédio conta com elevadores, rampas de acesso e piso tátil. Ressaltamos ainda, que, sempre que necessário, os funcionários do Centro Cultural São Paulo estarão disponíveis para prestar assistência aos frequentadores.
Assessoria de Comunicação: Pombo Correio
Crédito da foto em destaque: Halei Rembrandt