Brava Companhia celebra 25 Anos de Teatro com mostra de repertório. De 8 de março a 28 de julho, o grupo vai apresentar5 espetáculos na Zona Sul da cidade, com ingressos gratuitos.
A Brava Companhia celebra seus 25 anos de trajetória com um projeto que evidencia sua contribuição ao cenário teatral fortalecendo o diálogo entre a arte e a comunidade. Com o projeto Brava Companhia 25 anos: teatro, trabalho e território, a companhia apresenta uma mostra de repertório que reflete a força e a diversidade de suas produções.
A Mostra de Repertório Brava Companhia será realizada durante os meses de março a julho, com 5 espetáculos do atual repertório da Companhia, no Espaço Brava Companhia de Teatro, na Zona Sul de São Paulo. Com exceção da peça Estudo sobre A Padaria, que devido à sua natureza de teatro de rua, será levada a locais abertos dentro do território de atuação do grupo. Todas as apresentações serão gratuitas.
A mostra conta com os espetáculos O Chão Não Tá Pra Urso (De 8 a 30 de março), Show do Pimpão (De 5 a 27 de abril), Escritos Negros Modernistas (De 3 a 25 de maio), Terra de Matadouros (De 7 a 29 de junho) e Estudo sobre A Padaria (De 6 a 28 de julho).
Os espetáculos selecionados compartilham a característica de abordar questões pertinentes à realidade, promovendo debates sobre suas contradições e explorando possíveis soluções para os desafios contemporâneos.
Individualmente, cada peça desempenha um papel crítico na reflexão sobre a história e a sociedade. No entanto, quando reunidas nesta mostra, elas formam uma poderosa máquina de reflexão poética e analítica. Por meio deste projeto, a Brava Companhia reafirma seu compromisso em catalisar o pensamento crítico, proporcionando à cidade encontros públicos e reflexivos por meio do teatro.
“Por meio do teatro, nossa forma de trabalho, mas não só, procuramos, ao longo do tempo, entender o mundo e suas contradições para conversarmos com nosso público a respeito da vida, de suas possibilidades e impeditivos, tentando arrancar fagulhas de riso e divertimento. É aqui, na Zona Sul (Zona Show, carinhosamente conhecida), que faremos nossa festa: um projeto de dois anos, por meio da Lei de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo, que envolve uma série de ações. E para início, temos a alegria de apresentar parte de nosso conjunto de peças teatrais, por meio de nossa Mostra de Repertório“, conta Fábio Resende, integrante da Companhia.
Sinopses dos espetáculos e serviço:
O Chão Não Tá Pra Urso
Livremente inspirada na história Era Urso, de Frank Tashlin, o espetáculo é entrecortado por trechos recriados de escritos de Manoel de Barros, Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, Carlos Drummond de Andrade, Eduardo Galeano, entre outros. A peça mostra um fragmento da vida de dois andarilhos, “bufões” de rua, que estando à margem do mundo do trabalho narram a história de um Urso, que se vê preso em uma fábrica e é confundido com um operário.
A montagem propõe estimular um diálogo curioso entre o público infantil e adulto sobre a construção do mundo. A travessia da obra põe em cena temáticas vistas como naturais, e que são desnaturalizadas por meio da ludicidade, do humor e da crítica.
O cenário é formado por sacos de entulho, material reciclável e um tapete de papelão que delimita o espaço da cena. Os figurinos híbridos se assemelham às vestimentas utilizadas por catadores de lixo e trazem elementos da comicidade popular. As músicas, criadas originalmente para a peça, foram compostas tendo como base ritmos urbanos, como o samba e o hip-hop, e são executadas ao vivo pelos atores em cena.
Ficha técnica:
Criação: Brava Companhia. Atores: Márcio Rodrigues e Max Raimundo. Direção e dramaturgia: Fábio Resende. Confecção de cenários e figurinos: Claydson Catarina e Brava Companhia. Músicas originais: Fábio Resende, Max Santos e Márcio Rodrigues. Canção “Um Pão Em Cada Mão: Fábio Resende e Benjamim Gabriel Resende. Criação de bases musicais: Max Raimundo e Lucas Vasconcelos. Iluminação: Diego F F Soares e Fábio Resende. Operador de luz: Diego F F Soares. Foto e vídeo: Fábio Hirata. Arte gráfica: Ademir de Almeida. Produção: Kátia Alves.
Serviço:
Mostra de Repertório Brava Companhia
O Chão Não Tá Pra Urso
De 8 a 30 de março – Sextas às 20h e sábados às 19h.
Duração: 60 minutos.
Classificação etária: Livre.
Ingressos gratuitos distribuídos uma hora antes do início do espetáculo.
Espaço Brava Companhia
Rua Vitório, 77 – Vila Prel – Zona Sul, São Paulo
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Show do Pimpão
Três miseráveis artistas se juntam para tentar arrecadar algum trocado que lhes garanta a refeição do dia. Fazer graça com a própria desgraça foi o que lhes restou como forma de sobrevivência. Os três personagens que conduzem a ação cênica representam figuras que sobrevivem à margem do sistema econômico – sem acesso a trabalhos formais, a direitos básicos e ao consumo – tornando-se, assim, criaturas socialmente deformadas.
A música, executada ao vivo pelos atores, surge, ora como ferramenta épico narrativa, comentando e complementando o que é mostrado em cena, ora como recurso que pontua comicamente a ação. O cenário se resume a um grande baú, do qual são retirados objetos, adereços e instrumentos utilizados durante a apresentação – todos alinhados com a proposta estética da peça, que intercala estrago social e estilização artística.
Ficha técnica:
Criação: Brava Companhia. Direção e dramaturgia: Ademir de Almeida. Direção Musical: Joel Carozzi. Atores: Fábio Resende, Márcio Rodrigues e Max Raimundo. Figurinos: Cris Lima, Márcio Rodrigues e Rafaela Carneiro. Cenário: Joel Carozzi, Márcio Rodrigues e Sérgio Carozzi. Design Gráfico: Ademir de Almeida. Fotos: Gabriel Renne. Produção: Kátia Alves.
Serviço:
Mostra de Repertório Brava Companhia
Show do Pimpão
De 5 a 27 de abril – Sextas às 20h e sábados às 19h.
Duração: 55 minutos.
Classificação etária: Livre.
Ingressos gratuitos distribuídos uma hora antes do início do espetáculo.
Espaço Brava Companhia
Rua Vitório, 77 – Vila Prel – Zona Sul, São Paulo
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Escritos Negros Modernistas
Escritos Negros Modernistas é uma leitura encenada que mistura literatura, teatro, música e performance para destacar uma produção escrita produzida por escritoras/es negras/os brasileiras/os durante as primeiras décadas do século 20. Obras e autores que foram invisibilizados no contexto histórico racista do período posterior à abolição da escravidão, são apresentados neste trabalho cênico, revelando uma criação de grande potência estética e política.
O roteiro inclui escritos de autores como Lima Barreto, Auta de Souza, Antonieta de Barros, Luiz Gama e Lino Guedes, textos da imprensa negra paulista dos anos 1930, comentários sobre a biografia dos personagens citados e referências a marcos históricos da luta do povo negro.
Ficha técnica:
Criação: Brava Companhia. Direção: Ademir de Almeida. Assessoria e pesquisa: Salloma Salomão. Dramaturgia: Ademir de Almeida com colaboração de Arlete Mendes, Helena Silvestre e Max Raimundo. Elenco: Arlete Mendes, Dessa Souza, Helena Silvestre, Marcio Rodrigues, Max Raimundo e Paula da Paz. Criação musical: Arlete Mendes, Paula da Paz, Helena Silvestre e Max Raimundo. Fotos: Jardiel Carvalho. Produção: Kátia Alves.
Serviço:
Mostra de Repertório Brava Companhia
Escritos Negros Modernistas
De 3 a 25 de maio – Sextas às 20h e sábados às 19h.
Duração: 60 minutos.
Classificação etária: Livre.
Ingressos gratuitos distribuídos uma hora antes do início do espetáculo.
Espaço Brava Companhia
Rua Vitório, 77 – Vila Prel – Zona Sul, São Paulo
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Terra de Matadouros
A peça mostra os bastidores do desequilíbrio capitalista do mercado da carne na Chicago dos anos 1930. A crise é apresentada por meio de um conjunto de relações entre capitalistas: criadores de gados, atacadistas e industriais da carne enlatada; trabalhadores: empregados e desempregados, sujeitos a diferentes níveis de exploração e inconsciência sobre o processo; religião: representada pelo Exército dos Boinas Pretas, do qual emerge a pretensa heroína Joana Dark; Partido Comunista, que surge na peça como um vestígio desarticulado da classe trabalhadora; Estado, evidenciado pela repressão armada, e a imprensa, como porta-voz política do capital.
A partir do enredo original da peça escrita em 1931, que demonstra a emergência provocada pela superprodução, a peça expõe as armações promovidas pelo grande industrial da carne enlatada, Pedro Paulo Bocarra, e os feitos ingênuos de Joana Dark em prol do conjunto de trabalhadores assolado pelo colapso econômico.
Ficha técnica:
Criação: Brava Companhia. Texto original: Bertolt Brecht. Adaptação: Fábio Resende com colaboração de Ademir de Almeida. Direção: Fábio Resende. Elenco: Ademir de Almeida, Elis Martins, José Adeir, Márcio Rodrigues, Max Raimundo, Paula da Paz. Direção de arte: Márcio Rodrigues. Assessoria em arte: Peu Pereira. Criação e confecção de cenários, adereços e figurinos: Márcio Rodrigues. Direção musical: Max Raimundo. Assessoria musical: Lucas Vasconcelos. Assessoria vocal: Gleiziane Pinheiro. Músicas originais e arranjos: Max Raimundo, Lucas Vasconcelo e Brava Companhia. Trilha sonora: Max Raimundo, Lucas Vasconcelos.
Serviço:
Mostra de Repertório Brava Companhia
Terra de Matadouros
De 7 a 29 de junho – Sextas às 20h e sábados às 19h.
Duração: 100 minutos.
Classificação etária: Livre.
Ingressos gratuitos distribuídos uma hora antes do início do espetáculo.
Espaço Brava Companhia
Rua Vitório, 77 – Vila Prel – Zona Sul, São Paulo
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Estudo sobre A Padaria
A peça se inspira em um conjunto de escritos inacabados do autor alemão Bertolt Brecht, produzidos em 1928. São três grandes cenas nas quais o autor parece experimentar uma espécie de teatro de agitação e propaganda, conectado com a sociedade alemã da época – que se via às voltas com a ascensão do nazismo – e localizado entre os extratos mais baixos da população. Trabalhadores precarizados, desempregados e pequenos comerciantes são as principais figuras em cena.
Na versão da Brava Companhia a ação foi transportada para um bairro em formação na periferia da cidade de São Paulo, e deslocada para um tempo no passado recente do Brasil: os anos da ditadura civil-militar. Outros personagens e novas cenas foram acrescidos ao roteiro esboçado por Brecht para dar conta de se figurar o ambiente brasileiro e o período histórico proposto. A montagem foi elaborada para a apresentação em rua ou espaços alternativos.
Ficha técnica:
Criação: Brava Companhia. Elenco: Ademir de Almeida, Cleiciele Souza, José Adeir, Márcio Rodrigues, Max Raimundo e Paula da Paz. Direção: Fábio Resende. Texto: Bertolt Brecht. Dramaturgia: Ademir de Almeida com colaboração de Fábio Resende. Arranjos musicais: Max Raimundo. Cenários: Márcio Rodrigues. Confecção de cenários: Márcio Rodrigues e Brava Companhia. Adereços: Deco Morais e Márcio Rodrigues. Figurinos: Ruth Melchior e Márcio Rodrigues. Fotos: Jardiel Carvalho, Fábio Resende. Arte Gráfica: Bora Lá! Agência de Comunicação Visual. Produção: Kátia Alves.
Serviço:
Mostra de Repertório Brava Companhia
Estudo sobre “A Padaria”
De 6 a 28 de julho – horários e locais serão posteriormente divulgados
Duração: 60 minutos.
Classificação etária: Livre.
Ingressos gratuitos
Local: Espaços da periferia sul que serão posteriormente divulgados.
Sobre a Brava Companhia
A Brava Companhia é um grupo de teatro que atua desde 1998 a partir da periferia da região sul da cidade de São Paulo, seu local de origem, onde desenvolve espetáculos, experimentos cênicos e atividades formativas e de agitação cultural – também articuladas com outros grupos, coletivos e artistas do território.
O trabalho teatral da Brava Companhia é conhecido pelos espetáculos vigorosos, críticos e divertidos, marcados por uma caracterização física pujante e por uma dramaturgia comprometida com a temática social – criações artísticas que se sustentam pela continuidade, disciplina e sistematização dos seus processos.
A Brava Companhia mantém uma pesquisa cênica aberta aos espaços não convencionais, incluindo o espaço público – a rua. O território geográfico no qual a Brava Companhia realiza seus trabalhos – a periferia sul da cidade – e a rua como ambiente para o seu fazer teatral são determinações resultantes, em grande medida, do lugar social ocupado pelo grupo.
Nos últimos 15 anos, a Brava Companhia trouxe para a cena criações que sistematizaram longos processos de pesquisa acerca da sociedade e os seus processos de disputa relacionados à produção da vida ao longo da história. Entre os espetáculos montados pelo grupo ao longo de todos esses anos, estão Estudo sobre a Padaria; O Chão Não Tá Pra Urso; Show do Pimpão; JC; O Errante; Este Lado para Cima; Corinthians, Meu Amor – Segundo Brava Companhia e A Brava;