Iphan e UFPel iniciam restauração de obras danificadas no 8 de janeiro de 2023 . O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) deram, nessa terça-feira (09/01), mais um importante passo para a instalação do laboratório de restauro de 20 obras de arte do acervo do Palácio do Planalto, destruídas nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A estrutura desse laboratório será instalada no Palácio da Alvorada, fruto de uma parceria entre o Iphan, a UFPel e a Presidência da República, por meio da Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais. Ontem, o corpo técnico da universidade se reuniu com o presidente do Iphan, Leandro Grass, o diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (Depam), Andrey Schlee, e o coordenador-geral de Conservação, Paulo Farsette.
Durante o encontro, foram definidos os últimos detalhes para o início do trabalho dos conservadores-restauradores. Até o momento, 22 profissionais estão envolvidos no projeto, entre eles docentes do curso de Conservação e Restauração da UFPel, bolsistas de graduação e pós-graduação da universidade e profissionais contratados exclusivamente para o projeto.
A iniciativa é fruto de um Termo de Execução Descentralizada (TED) entre o Iphan e a UFPel. “Nós estamos muito honrados em fazer parte deste momento histórico de reconstrução dessas obras de arte. Vale ressaltar a importância da valorização do conhecimento produzido pela universidade pública, colocado a serviço do nosso patrimônio cultural”, comemora Isabela Fernandes Andrade, reitora da UFPel.
“É com muita alegria que anunciamos o início dos trabalhos do laboratório de restauro, em parceria com a UFPel. Estamos à disposição para oferecer todo o apoio necessário aos técnicos e acreditamos que quem mais ganha com esta união de esforços é o Patrimônio Cultural brasileiro”, reiterou o presidente do Iphan, Leandro Grass.
De janeiro a dezembro de 2024, os profissionais se dedicarão a recuperar uma ânfora portuguesa de cerâmica, uma obra em madeira, duas em metal, uma em papel e 15 telas. Cada tipo de material requer um tratamento específico nesse processo de restauração. “É importante ressaltar que o resgate feito pelos técnicos do Iphan imediatamente após a destruição do 8/1 foi fundamental para que pudéssemos trabalhar na restauração deles agora”, diz Andrea Bachettini, coordenadora do laboratório de restauração.
Entenda as fases da restauração
O trabalho de restauração das peças obedece a uma série de etapas. As duas primeiras são obrigatórias para todo tipo de obra de arte. As etapas seguintes variam de acordo com o material com o qual foi produzida a peça. A seguir, trazemos como exemplo as etapas da restauração da ânfora portuguesa, que será uma das primeiras obras a serem tratadas pelos conservadores-restauradores.
1 – Documentação científica das peças a serem restauradas
“Nesta etapa, produzimos uma fotografia especializada das obras, utilizando lentes e equipamentos específicos que nos permitem identificar detalhes técnicos de cada obra e avaliar a real extensão do dano sofrido por cada uma delas”, explica Karen Velleda Caldas, coordenadora-adjunta do projeto.
2 – Limpeza e higienização das peças
Neste momento, os conservadores-restauradores fazem a limpeza adequada das peças e as deixam prontas para receberem o trabalho de restauração.
3 – Catalogação dos fragmentos
Esta é a fase em que os pesquisadores levantam o que têm de “pedaços” originais da peça para poderem trabalhar. “É o caso da ânfora portuguesa; temos muitos fragmentos dela que podem ser utilizados ainda para recompor a peça”, explica Andrea.
4 – Planejamento da montagem
Depois de catalogar os fragmentos, chega então a hora de “simular” a recomposição da peça, ainda sem a cola específica usada para esta restauração. “Nós remontamos a peça, mas sem usar a cola, e numeramos os fragmentos para termos uma sequência da montagem real”, esclarece Karen.
5 – Colagem
A partir da simulação, os conservadores-restauradores então passam à colagem dos fragmentos. Em seguida, os espaços que não puderem ser preenchidos com fragmentos da peça são preenchidos com uma massa específica.
6 – Reposição pictórica
Após a colagem e o preenchimento das falhas na peça, é a hora de verificar onde é necessário repor a pintura. Os profissionais utilizam o material mais parecido possível com o original e recompõem a pintura da peça.
7 -Relatório e manual de manuseio
Para cada uma das peças restauradas, será elaborado um relatório indicando o que foi feito para recuperá-la e orientando sobre a forma correta de acondicionar e manusear a obra de arte. Assim, ela já está pronta para retornar ao lugar onde estava exposta. Porém, há restrições que deverão ser observadas: “O modo de carregar ou acondicionar uma peça restaurada é diferente, porque ela vai exigir cuidados especiais a partir da restauração”, conclui Andrea.
Assessoria de Comunicação Iphan
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