Slam do Corpo completa 10 anos com turnê em São Paulo. Pioneiro no Brasil e no mundo, primeiro slam de surdos e ouvintes realiza a primeira apresentação de comemoração em Ubatuba no próximo dia 06 de abril
O Slam do Corpo, pioneiro no Brasil e no mundo, celebra uma década de existência, com apresentações em cinco cidades do Estado de São Paulo, nas cidades de Ubatuba, Cananéia, Piracicaba, Campos do Jordão e na capital, São Paulo. A primeira ocorre no próximo dia 06 de abril, em Ubatuba (SP), no Som Bar e Love às 20h com entrada gratuita. A ação é uma parceria com o Slam Independente, de Ubatuba.
Mais do que uma simples competição de poesia – poetry slam, esporte criado em 1984 em Chicago, por Marc Smith e hoje com mais de 200 comunidades em todo Brasil – o Slam do Corpo é um momento único, que promove um encontro entre poetas surdos e ouvintes, utilizando a poesia como meio de comunicação e expressão artística.
“Somos um projeto cultural que busca conectar diferentes formas de comunicação, explorando a relação entre o corpo e a língua. Unindo a poesia sonora em português com a poesia visual da Língua Brasileira de Sinais (Libras)”, explicam os integrantes do Slam do Corpo, que destaca-se também como um espaço de inclusão e celebração da diversidade cultural e linguística.
“Outra razão pela qual o Slam do Corpo é importante tem a ver com sua contribuição para a Agenda 2030 da ONU. Especificamente, o projeto está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável nº 10, que busca reduzir as desigualdades dentro e entre os países. Ao promover a inclusão de pessoas surdas e ao valorizar a diversidade cultural, o Slam do Corpo está contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Em suma, o projeto Slam do Corpo é de extrema importância por sua capacidade de promover a inclusão, a diversidade e a compreensão cultural. É um exemplo a ser seguido por outros grupos e iniciativas culturais e artísticas em todo o Brasil”, conta o slammaster Leo Castilho.
Como funciona
O Slam do Corpo tem dois momentos. Durante as apresentações, duplas de poetas, compostas por pessoa surda e ouvinte, ou duas línguas, uma sonora e outra visual, performam poemas simultaneamente em português e Libras, explorando as possibilidades de conexão entre essas línguas. Há também o momento Corpo Aberto, em que as apresentações são livres e instigam o público a participar mais. Neste momento, as poesias não precisam ser autorais e não há limite de tempo.
As batalhas de poesia são acompanhadas por um júri formado pelo próprio público, que atribui notas às performances. É possível que as pessoas sozinhas, surdas ou ouvintes, participem da disputa.
Além de promover a inclusão e a valorização da diversidade cultural, o Slam do Corpo também contribui para a formação de novos artistas e poetas, estimulando habilidades criativas e técnicas de expressão corporal. Com seu formato inovador e impacto significativo na cadeia produtiva cultural e artística local, o Slam do Corpo reafirma seu compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Sobre o Slam do Corpo
O Slam do Corpo começou como um sarau de poesias em setembro de 2013, dentro do MAM no Parque de Ibirapuera, em São Paulo. A ideia era reunir poetas surdos e ouvintes para fazer poesias em Língua Brasileira de Sinais. A primeira edição contou com a presença de alunos da escola EMEBS Anne Sullivan, que foram convidados especiais. Desde então, o evento tem crescido a cada ano, com a realização de nove edições que incluem diversas batalhas de poesias em diferentes cidades do estado de São Paulo. O Slam do Corpo é um grupo que pesquisa e produz arte, aberto a surdos e ouvintes que se interessam pela Língua Brasileira de Sinais. Além de realizar as batalhas de poesias, o grupo desenvolve documentários, performances e intervenções poéticas que dão visibilidade à cultura surda, utilizando a cidade de São Paulo como espaço privilegiado para suas proposições.
A ideia do Slam do Corpo surgiu em 2012, a partir de uma conversa com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, criador do ZAP! Slam, a partir da pesquisa da atriz-MC Roberta Estrela D’Alva. À época, houve também uma conversa com o poeta Daniel Minchoni, do Menor Slam do Mundo, um formato diferente de slam no Brasil.
Os bate-papos resultaram na imaginação de uma batalha de poesias que partisse do encontro entre surdos e ouvintes, e assim nasceu o Slam do Corpo – o primeiro Slam de batalha entre poetas surdos e ouvintes do Brasil e do mundo.
Desde então, o evento tem sido uma importante plataforma para a valorização e divulgação da cultura surda, além de contribuir para o fortalecimento da cena poética e artística no estado de São Paulo, passando por pesquisas orgânicas, acadêmicas, ENEM, festivais mundiais, etc.
O projeto foi contemplado pelo PROAC 2024.
EVENTO
Slam do Corpo em Ubatuba
Onde: Som Bar e Love
Quando: 06 de abril às 20h
Endereço: Praça Exaltação da Santa Cruz, centro, Ubatuba
Ingresso: gratuito